sexta-feira, 30 de julho de 2010

un poema de FABIO MORÁBITO

I

Nos desnudamos tanto
hasta perder el sexo
debajo de la cama,

nos desnudamos tanto
que las moscas juraban
que habíamos muerto.

Te desnudé por dentro,
te desquicié tan hondo
que se extravió mi orgasmo.

Nos desnudamos tanto
que olíamos a quemado,
que cien veces la lava
volvió para escondernos.


II

Me hiciste tanto daño
con tu boca, tus dedos,
me hacías saltar tan alto

que yo era tu estandarte
aunque no hubiera viento.
Me desnudaste tanto

que pronuncie mi nombre
y me dolió la lengua,
los años me dolieron.

Nos desnudamos tanto
que los dioses temblaron,
que cien veces mandaron
las lavas a escondernos.


III

Te frotabas tan rápido
los senos que dos veces
caí en sus remolinos,

movías el culo lento,
en alto, para arrearme
a su negra emboscada,

su mediodía perenne.
Abrías tanto su historia,
gritaba su naufragio...

Nos denudamos tanto
que nonos conocíamos,
que los dioses mandaron
la lava a reinventarnos.


IV

Te desmentí de cabo
a rabo devolviéndote
a tus primeros actos,

te escudriñé profundo
hasta escuchar la historia
amarga de tu cuerpo,

pues sólo el amor sabe
cómo llegar tan hondo
sin molestar la sangre.

Esa noche la lava
mudó si paisaje en piedra.
Tú y yo fuimos lo único
que se murió de veras.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

incêndio de Verão

Meu amor
vem-me buscar no teu abraço
e leva-me deste nevoeiro de cinzas
com que a minha cidade acordou

O verde deixou de ser
o Sol parece em eclipse
e até os meus olhos
lacrimejantes de fumo
se confundem com a saudade

Quero partir
como quem parte à procura
dum novo dia
num novo lugar
onde o cheiro do mar nos embale
e as nossas mãos se fundam
como se fossemos um só

Vem depressa
como se fosse a última vez...

MIA
Jul 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Férias

Mesmo longe
deixarei o meu sorriso
e o brilho do meu olhar
reflectido nas gotas de orvalho
com que desabrocham
as serenas manhãs de Verão

E se por ventura
deixarem de me ver
em noites de lua nova
procurem bem alto
porque a estrela mais inquieta
serei eu vagueando...

MIA
20 Jul 2010

terça-feira, 13 de julho de 2010

incerteza

Já não sei o que quero
por onde passo
ou o que procuro

Agora
é o silêncio do meu olhar
que ouço sentada
no vão duma saudade imensa

E é nesse a(Deus)
que nem sei se existe
que me entrego à espera
do amanhecer orvalhado
numa manhã fresca de Verão.

MIA
13 Jul 2010

????

Je peux partager
mes chagrains
mes plaisirs
mais jamais
l'homme que j'aime...

MIA
13 Jul 2010

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Terapia

Não gosto
de piscinas terapêuticas...

Os meus cabelos
não deslizam
e os movimentos
ficam presos a vozes
que dizem o que fazer

Gosto de mar
e das ondas do meu corpo
à deriva
muito além da liberdade

MIA
8 Jul 2010

Mãe

Esqueci de ler
o crepúsculo dos teus olhos
e não vi
que a vida te prendia por um fio...

E tu partiste
tão rápido (de mais)
que fiquei (morta)
à espera
desesperadamente
à tua espera
sem perceber
que tinha chegado o fim.

MIA
7 Jun 2010

????????

Los poemas me encantan
las atitudes m'extrañan...

MIA
3 Jul 2010

Observando

Para quê prolongar a vida
se o vazio da mente
é que preenche os momentos?

Os dedos anquilosados
mostravam a idade dela
mas que ele apertava ternamente
e só desfez num beijo
quando a chamaram para a consulta

Despediu-se por momentos
para no fumo dum cigarro
sonhar com o passado
e imaginar de novo
aqueles olhos verdes
adorando-o como a um Deus

Prolongou a dor
descendo pelas escadas
porque o elevador ali ao lado
tornaria demasiado rápido
aquela ausência que de ausente
só tinha no olhar dela

E eu continuei ali sentada
esperando por alguém
que tornou a sua ausência
numa estranha forma de vida...

MIA
7 Jun 2010

quinta-feira, 1 de julho de 2010

???????

Quando feita pluma
voo
nas asas do meu caderno
fico nua de mim
e tenho frio
e sinto raiva
e rastejo
e levanto-me
e choro
e grito
e liberto a memória

E sempre que acontece
fico mais leve...


MIA
1 Jul 2010