terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Despedidas

Foram os dias
e as noites
e todos as horas que o corpo tem
e veste
e despe
e valsa de música
as palavras do poema

Foram só
todos os acordes
em todos os momentos
em todos os gritos
e suspiros
e ais
e desejos de liberdade

Foram
e foram-se
despedidas de quem muito amamos.

MIA
8 Janº.2013

Estilhaços

Vou despir os meus sentidos
e rasgar esta coisa que a raiva veste
e bate com a mesma pressa
que os comboios levam nas partidas

Hei-de sangra-lo
aperta-lo
faze-lo bater tanto
que há-de morrer de sufoco
revirando os olhos parados no infinito

De todos os estilhaços
recolarei as auriculas
e dos ventriculos aveludados
vestirei o olhar das crianças em dias de romaria.

MIA
8 Janº. 2013

O que é?

Que saudade é esta
que o peito veste de negro
ainda que o sol
aqueça a planície que o teu olhar trás?

Que dor é esta
que os negros olhos carregam
e o frio não corta
nem os ventos levam no triste entardecer?

Que tristeza é esta
que me veste e que me calça
e embrulha os meus sentidos?

E que viver é este
cheio de saudade
e dor
e frio
e ausência
que nem a Primavera há-de levar?

MIA
8 Janº.2013

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Em cada regresso...



Às vezes
regresso a casa
mas as flores já estão mortas
e os rios tão secos
que já não correm
jazem em caminhos
por onde ninguém passa

Deixam
sulcos vincados
como olheiras profundas
em cada regresso a casa
onde as flores já estão mortas
e os rios há muito
deixaram de correr

Mia
26 Dezº 2012