quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dezembro

Dezembro.
É sempre assim neste mês...
Mesmo que haja sol sinto frio, desconforto
e no imenso ruído que me rodeia
um enorme silêncio
onde mergulho sem voz nem vontade.
Do folclore de luzes
mais uma vez não vai ficar nada
a não ser montes de cartão
espalhados pelas ruas
e laços coloridos desfeitos de ilusão
Em cada neon mais cintilante
viverá o mais obscuro de todos nós
e entre pragas e desaforos
juntaremos de novo quem não queremos
e em suspiros contidos
amassaremos a vontade de ser diferente
Lágrimas de falsete iluminarão
o que já não tem luz
e das velas acesas nas mesas de festa
emanará um cheiro de cera queimada
que fará lembrar cemitérios de pranto
onde jaz quem nos faz falta
Alargaremos dois furos no cinto do desperdício
beberemos até nem saber dizer basta
e quando tudo acabar
das mãos abertas de nada
sairá o desespero
sem força para agarrar o já perdido
mas quem sabe
ainda com alguma esperança
de que tudo se transforme...

MIA
10 Dez 2009

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