quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Memórias

"Partiste num dia de nevoeiro
no meio de juras e abraços
que a nossa boca selou
não sem antes
me desfazeres as tranças negras
que me deixou os cabelos ao vento
cheios de esperança

Eram tão tristes as cartas
e tão longos os caminhos
que eu desesperava de medo
e de tanto te amar
só pedia que voltasses
mesmo que fosse pela metade

Sentia que te ia perder
de tão ausente que ficaste
e estas mãos que te prenderam
abriram-se de liberdade
sem entender que jamais
voltariam a segurar nas tuas

Os meus cabelos
continuaram ao vento,
à chuva, ao frio
e deixei-os tapar-me o rosto
quando as lágrimas caíram sem parar
no dia em que o sol se fez noite

Ficou-me a dor imensa
de não saber quando te perdi

Se quando partiste
com os olhos rasos de água
ou só quando o adeus
foi o último ai que não ouvi
e ainda hoje me pergunto
porque te deixaste partir."

MIA
1 Novº 2010

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