sábado, 13 de agosto de 2011

A falta que ainda me fazes

Mãe
tenho as mãos tão frias!

Frias
daquele gelo que bate no coração
e desce pelo estômago sem parar
para cair bem lá em baixo
nuns pés arroxeados
que se recusam a caminhar
de insensíveis que ficam

Já não são pés nem são nada
transformados que estão
em deslize de ski alpino
sem metas para cortar
nem trenós que me possam levar
para lá do abismo onde me sento

E do rosto, Mãe,
do rosto já não espreitam lágrimas
porque os olhos são blocos de gelo
transformados em glaciar
que se desloca vagarosamente
ao sabor dum vento agreste

O corpo, esse já nem sinto
se bate ou deixa de bater
se ondula ou se deixa morrer
porque as mãos estão tão frias
que só lembram o calor das tuas
quando me pegavas para me aquecer

Quando me dói, Mãe,
sinto ainda mais a tua falta.

MIA
13 Agosto 2011

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