Daquele corpo
consumido por um vulcão
já nada restava
a não ser dois cristais
direccionados à porta
por onde entrava a luz
que lhe segurava a vida
À hora marcada
um regaço de malmequeres
irradiou pelo quarto
que pétala a pétala
ela desfolhou na sua boca
num gesto de bem querer
Deixou rolar uma lágrima
daqueles olhos nunca gastos de amor
tossiu de comoção
e num último esgar deixou-se partir
Ela deu-lhe a beber o último mel
no meio dum abraço
que um arrepio fez estremecer
e num derradeiro esforço
arrastando-se como se não tivesse pés
tocou a campainha pela última vez
e deixou que lho levassem
MIA
20 Maio 2011
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