Hoje, a convite duma professora, visitei a sala do sócio-educativo, (7 aos 19 anos), com deficientes profundos.
Além da deficiência mental, a física também.
Já criei defesas para não me chocar, mas nunca deixo de me sentir perturbada perante o quadro.
Dos cincos que estavam na sala, três deles tinham sido vítimas de abandono. Os outros dois, felizmente continuavam a ter rectaguarda e vínculo familiar.
Todos eles tinham uma coisa em comum, nascidos em famílias carenciadas, com problemas de álcool e drogas.
Na troca de impressões com a professora, tentei perceber o que se pode ensinar com míudos que nem sequer interagem. Para os que conseguem andar, quando estão agressivos, únicamente faze-los entender que teem algumas regras para o comportamento, os outros, tentar dar-lhes alguma qualidade de vida, é o possível. Mas sempre que se consegue algo de novo, nem que seja um brilho nos olhos, é uma vitória.
Horas sobre horas, dias sobre dias, anos até, onde os resultados são pouco acima do zero, que fazer? E depois dos 19 anos que é o limite para frequentarem o sócio-educativo? Aí passam para outra fase, mas de onde também não se podem esperar grandes resultados. Ficarão por lá enquanto viverem, uns internos na pousada, outros na família enquanto tiverem.
E quando se esgota a lotação dos lares? Que resposta dá o Governo para esta população? e a sociedade?
É terrível pensar que não há respostas para esta população. Os subsídios são parcos e se não fossem as associações que se vão formando, ainda seria pior.
Que país é este que não protege com dignidade as crianças, os idosos e os portadores de deficiência?
É tudo tão superficial...e os profissionais tão pouco reconhecidos...enfim...o Portugal que temos.
LM (Mia)
29 Outº 2008
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
domingo, 26 de outubro de 2008
Angustia
De há uns tempos para cá, sentia um knock-knock estranho a bater-lhe no peito. Por mais que tentasse entender, só sabia que tinha medo de abrir aquela porta e deixar sair o sentimento.
Um dia, depois de muito pensar decidiu.
Abriu as portas do pranto e o dilúvio aconteceu.
Deixou-se levar pela torrente e mergulhou na limpidez das suas lágrimas. Chafurdou até na lama, mas depois de muito batalhar para não se afundar e tal phenix renascida, saíu purificada para abraçar novos desafios.
Sabia que nada iria ser fácil e que o Mundo novo que pretendia, seria bem menos protegido do que aquele a que estava habituada.
Afinal que gaiola dourada era aquela onde vivia há tanto tempo?- Só grades, já que o interior era bem desconfortável.
Fez das fraquezas força e mesmo sabendo que a sofreguidão não era boa conselheira, quis partir.
Tentou faze-lo sem grandes ruídos e não conseguiu. Mas mesmo assim partiu...
Lá fora o ar era mais leve, mais puro do que alguma vez julgou sentir. O Sol brilhava muito mais e o frio nem era tão frio, porque a emoção dava-lhe conforto.
Arriscou no desconhecido, enfrentou obstáculos, mas viveu com intensidade todos os momentos.
Não seria fácil o futuro, mas tinha a enorme esperança que tudo valeria a pena.
A mudança já estava dentro dela há muito, agora tinha chegado a hora de concretizar a vontade.
Os dias seguintes passou-os a procurar. As noites foram de solidão e silêncio. Mas todas as manhãs levantava-se com redobrado ânimo para continuar.
Sabia que a luta era solitária e que dificuldades iriam surgir, mas nada agora a faria desistir.
Continuou no tempo.
Os desafios iriam ser muitos e diários, mas sabia que iria conseguir.
Pelo menos havia uma coisa que já sabia...
Afinal, continuava a ser ela!
MIA
26 Outº2008
Um dia, depois de muito pensar decidiu.
Abriu as portas do pranto e o dilúvio aconteceu.
Deixou-se levar pela torrente e mergulhou na limpidez das suas lágrimas. Chafurdou até na lama, mas depois de muito batalhar para não se afundar e tal phenix renascida, saíu purificada para abraçar novos desafios.
Sabia que nada iria ser fácil e que o Mundo novo que pretendia, seria bem menos protegido do que aquele a que estava habituada.
Afinal que gaiola dourada era aquela onde vivia há tanto tempo?- Só grades, já que o interior era bem desconfortável.
Fez das fraquezas força e mesmo sabendo que a sofreguidão não era boa conselheira, quis partir.
Tentou faze-lo sem grandes ruídos e não conseguiu. Mas mesmo assim partiu...
Lá fora o ar era mais leve, mais puro do que alguma vez julgou sentir. O Sol brilhava muito mais e o frio nem era tão frio, porque a emoção dava-lhe conforto.
Arriscou no desconhecido, enfrentou obstáculos, mas viveu com intensidade todos os momentos.
Não seria fácil o futuro, mas tinha a enorme esperança que tudo valeria a pena.
A mudança já estava dentro dela há muito, agora tinha chegado a hora de concretizar a vontade.
Os dias seguintes passou-os a procurar. As noites foram de solidão e silêncio. Mas todas as manhãs levantava-se com redobrado ânimo para continuar.
Sabia que a luta era solitária e que dificuldades iriam surgir, mas nada agora a faria desistir.
Continuou no tempo.
Os desafios iriam ser muitos e diários, mas sabia que iria conseguir.
Pelo menos havia uma coisa que já sabia...
Afinal, continuava a ser ela!
MIA
26 Outº2008
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
crónicas dum divórcio anuncia
Um dia ela cismou que tinha de descobrir onde é que ele passava os dias.
Afinal o divórcio tinha passado a litigioso e até dava algum geito apanha-lo com alguém...era o ínicio e o adultério daria sempre mais alguns pontos para o lado dela.
Começou por tomar nota dos quilómetros feitos po ele. Estranhamente, para tantas horas de ausência, a distância percorrida era curtíssima...mas tudo bem, havia que deslindar o mistério.
Resolveu meter-se no carro dela, conta quilómetros no zero e lá foi ela. Primeiro para Norte... mas já não dava, porque só de contornar a urbanização... depois para Sul... mas também não, distância demasiado longa e tinha sempre de contar com o regresso...até que EUREKA! De repente inverte a marcha e lá vai ela rumo ao parque de estacionamento do ginásio que ele frequentava. E não é que acertou mesmo!
Então, tranquilamente, esperou como pescador que espera que o peixe morda o isco, pelo momento certo de atacar.
Passados dois dias, um fim de tarde de sábado, logo que ele saíu, ela meteu-se no carro e feita detective, vendo sem ser vista, decidiu segui-lo.
Lá estava a confirmação do percurso. Tal como ela esperava, ele dirigiu-se para o parque do ginásio, estacionou, saíu do carro, pegou no telemóvel possívelmente para contactar quem o esperava...mas raios, de repente ele olha para trás e ela que tinha feito tudo tão bem, é descoberta!
Ele hesita, faz que vai entrar no edíficio mas recua, entra de novo no carro e rápidamente abandona o estacionamento.
Ela então e já que tinha sido descoberta, de forma provocadora segue-o mesmo. Colada à traseira
da viatura dele, lá vai ela alegremente a ver o que viria a seguir.
Mas eis que de repente, ao passar pela esquadra da P.S.P., ele pára o carro, vai ter com o piquete
e acaba mesmo por entrar.
E não é que ela, pára também o carro, sai e vai atrás ver o que estava a acontecer!
Impávida e serena, entra na esquadra, provoca nele um nervosismo que só ela conhece e fica ali a ver, até que o piquete também lhe vai perguntar o que queria.
Aí, mete os pés pelas mãos, gagueija até, mas sai airosamente da situação.
Regressa a casa desiludida por não ter conseguido nada, mas confiante que nada tinha acabado ali
e que oportunidades, não faltariam para continuar a investigação a que se tinha proposto.
MIA
Afinal o divórcio tinha passado a litigioso e até dava algum geito apanha-lo com alguém...era o ínicio e o adultério daria sempre mais alguns pontos para o lado dela.
Começou por tomar nota dos quilómetros feitos po ele. Estranhamente, para tantas horas de ausência, a distância percorrida era curtíssima...mas tudo bem, havia que deslindar o mistério.
Resolveu meter-se no carro dela, conta quilómetros no zero e lá foi ela. Primeiro para Norte... mas já não dava, porque só de contornar a urbanização... depois para Sul... mas também não, distância demasiado longa e tinha sempre de contar com o regresso...até que EUREKA! De repente inverte a marcha e lá vai ela rumo ao parque de estacionamento do ginásio que ele frequentava. E não é que acertou mesmo!
Então, tranquilamente, esperou como pescador que espera que o peixe morda o isco, pelo momento certo de atacar.
Passados dois dias, um fim de tarde de sábado, logo que ele saíu, ela meteu-se no carro e feita detective, vendo sem ser vista, decidiu segui-lo.
Lá estava a confirmação do percurso. Tal como ela esperava, ele dirigiu-se para o parque do ginásio, estacionou, saíu do carro, pegou no telemóvel possívelmente para contactar quem o esperava...mas raios, de repente ele olha para trás e ela que tinha feito tudo tão bem, é descoberta!
Ele hesita, faz que vai entrar no edíficio mas recua, entra de novo no carro e rápidamente abandona o estacionamento.
Ela então e já que tinha sido descoberta, de forma provocadora segue-o mesmo. Colada à traseira
da viatura dele, lá vai ela alegremente a ver o que viria a seguir.
Mas eis que de repente, ao passar pela esquadra da P.S.P., ele pára o carro, vai ter com o piquete
e acaba mesmo por entrar.
E não é que ela, pára também o carro, sai e vai atrás ver o que estava a acontecer!
Impávida e serena, entra na esquadra, provoca nele um nervosismo que só ela conhece e fica ali a ver, até que o piquete também lhe vai perguntar o que queria.
Aí, mete os pés pelas mãos, gagueija até, mas sai airosamente da situação.
Regressa a casa desiludida por não ter conseguido nada, mas confiante que nada tinha acabado ali
e que oportunidades, não faltariam para continuar a investigação a que se tinha proposto.
MIA
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
jantar feliz com lágrimas
16 Outº 2008
Hoje, eu e os meus filhos, fomos jantar fora.
O meu filho fez questão de me convidar a mim e às irmãs. Tinha tido aumento de ordenado ( o que nestes tempos que correm não é nada mau) e por isso, queria partilhar connosco o contentamento.
Tive o privilégio de escolher o restaurante e à hora marcada, lá estavamos os quatro.
Como não podia deixar de ser, as mulheres atrasaram-se, mas ele não reclamou. Ia estar com as mulheres da vida dele e tranquilamente esperou como se o tempo não tivesse passado.
Abraços e beijos à chegada e logo muita confusão de perguntas carinhosas. Tanto, que o empregado teve de perguntar três vezes se já tinhamos escolhido, porque no meio daquilo tudo, até nos esqueciamos de ver a ementa.
Lá decidimos o que queriamos, encomendamos e nem demos conta da espera, tal era a necessidade de por a conversa em dia.
Mais do que saborear o repasto, rimos, rimos tanto! Rimos de alegria, de saudade e até de tristeza.
Se houvesse feitiço, o tempo teria parado para continuar a magia.
Embebeda-mo-nos de olhares, mesmo quando revelaram tristeza e repartimos as ausências sem recriminações.
Fizemos promessas de repetir o momento, mas mesmo sabendo que não se cumpriam, quisemos acreditar.
Estupidamente o relógio não parou e as horas voaram à velocidade da luz.
Caminhamos para a despedida e no meio do silêncio e olhares de interrogação, separamo-nos, entendendo os porquês.
Apeteceu-me pô-lo à tiracolo e não o largar, mas num abraço de ternura deixei-o suavemente ir,
sentindo que a vontade era de ficar.
Ele para um lado, nós para outro e os 100 metros que distam as nossas casas, voltaram a ser de novo continentes de distância.
Restou o regresso silencioso a casa, com a emoção do que se pode ter e todo o riso que tinhamos
partilhado, transformou-se numa enorme saudade.
Mummy
Hoje, eu e os meus filhos, fomos jantar fora.
O meu filho fez questão de me convidar a mim e às irmãs. Tinha tido aumento de ordenado ( o que nestes tempos que correm não é nada mau) e por isso, queria partilhar connosco o contentamento.
Tive o privilégio de escolher o restaurante e à hora marcada, lá estavamos os quatro.
Como não podia deixar de ser, as mulheres atrasaram-se, mas ele não reclamou. Ia estar com as mulheres da vida dele e tranquilamente esperou como se o tempo não tivesse passado.
Abraços e beijos à chegada e logo muita confusão de perguntas carinhosas. Tanto, que o empregado teve de perguntar três vezes se já tinhamos escolhido, porque no meio daquilo tudo, até nos esqueciamos de ver a ementa.
Lá decidimos o que queriamos, encomendamos e nem demos conta da espera, tal era a necessidade de por a conversa em dia.
Mais do que saborear o repasto, rimos, rimos tanto! Rimos de alegria, de saudade e até de tristeza.
Se houvesse feitiço, o tempo teria parado para continuar a magia.
Embebeda-mo-nos de olhares, mesmo quando revelaram tristeza e repartimos as ausências sem recriminações.
Fizemos promessas de repetir o momento, mas mesmo sabendo que não se cumpriam, quisemos acreditar.
Estupidamente o relógio não parou e as horas voaram à velocidade da luz.
Caminhamos para a despedida e no meio do silêncio e olhares de interrogação, separamo-nos, entendendo os porquês.
Apeteceu-me pô-lo à tiracolo e não o largar, mas num abraço de ternura deixei-o suavemente ir,
sentindo que a vontade era de ficar.
Ele para um lado, nós para outro e os 100 metros que distam as nossas casas, voltaram a ser de novo continentes de distância.
Restou o regresso silencioso a casa, com a emoção do que se pode ter e todo o riso que tinhamos
partilhado, transformou-se numa enorme saudade.
Mummy
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Paz
Já tive fome
da tua pele,
do teu ar,
de ti,
de nós...
Hoje já não!
Saciei-me
da ausência,
do silêncio,
do que não tenho.
Curei-me
dos equívocos,
das dúvidas
e até
das certezas.
Agora
sou eu,
só eu,
sempre eu,
no meio de
tanta gente
e de
ninguém.
Mia
l5 Outº 2008
da tua pele,
do teu ar,
de ti,
de nós...
Hoje já não!
Saciei-me
da ausência,
do silêncio,
do que não tenho.
Curei-me
dos equívocos,
das dúvidas
e até
das certezas.
Agora
sou eu,
só eu,
sempre eu,
no meio de
tanta gente
e de
ninguém.
Mia
l5 Outº 2008
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
APPACDM - centro Dr.Leonardo Coimbra
Tento percorrer o interior destas mentes e não consigo entrar.
Falo com eles sem diálogo, mas de encontro ao interesse que mostram.
Olho-os no olhar vazio de rostos sem expressão mas de sorriso quase sempre rasgado e tento ler o que lá está. Não consigo!
Tento tocar-lhes no corpo disforme e serenamente puxo-os para mim, para que sintam o calor de alguém que os ama e respeita. Uns rejeitam a aproximação física, outros não.
São tão magoados alguns...que fazem com eles Meu Deus, para que sofram assim? Onde andas, que não vês?
Como gostaria que sentissem segurança, carinho,bem estar!
O esforço que fazem para que os perceba, comove-me, porque aí, a diferente sou eu.
São lindos estes meus meninos grandes e eu sou tão pequenina...
MIA
9 Setº2008
Falo com eles sem diálogo, mas de encontro ao interesse que mostram.
Olho-os no olhar vazio de rostos sem expressão mas de sorriso quase sempre rasgado e tento ler o que lá está. Não consigo!
Tento tocar-lhes no corpo disforme e serenamente puxo-os para mim, para que sintam o calor de alguém que os ama e respeita. Uns rejeitam a aproximação física, outros não.
São tão magoados alguns...que fazem com eles Meu Deus, para que sofram assim? Onde andas, que não vês?
Como gostaria que sentissem segurança, carinho,bem estar!
O esforço que fazem para que os perceba, comove-me, porque aí, a diferente sou eu.
São lindos estes meus meninos grandes e eu sou tão pequenina...
MIA
9 Setº2008
"Era uma vez"
Beijou-lhe suavemente os olhos.
Procurou-lhe a boca sorridente e com sofreguidão, beijoa-a até despertar o desejo.
De mãos trémulas percorreu-lhe o corpo com ternura e descobrindo-a, tal velejador à procura de rumo, deixou-se naufragar e adormeceu lentamente.
MIA
12 Setº2008
Procurou-lhe a boca sorridente e com sofreguidão, beijoa-a até despertar o desejo.
De mãos trémulas percorreu-lhe o corpo com ternura e descobrindo-a, tal velejador à procura de rumo, deixou-se naufragar e adormeceu lentamente.
MIA
12 Setº2008
"À PROCURA"
Saio à rua.
Está um frio...brrr!
O nevoeiro envolve-me. Puxo a gola para cima, corro o zip e caminho sem rumo.
Por entre o cinzento do tempo, vagueio em pensamento e sem querer olhar para trás, procuro o futuro. Cinzento também? (agora não é o que mais me interessa...)
Vou caminhando pontapeando, de quando em quando, algumas pedritas soltas das obras que me ladeiam.
Respiro fundo e sinto que o fresco do tempo se me entranha.
Relembro momentos passados em que sentia o Sol em mim e que aquecia quem me rodeava. Arrepio-me...frio? talvez desânimo...mas não posso, não quero.
Acendo um cigarro. Do fumo que expiro formam-se pequenos círculos que, tal como eu, vão girando.
Vou-me cansando num percurso curto e lento, que não me mostra a saída.
Não é um bom dia para encontrar a Luz, essa Luz que procuro e me trará de novo vida.
Amanhã é já a seguir e quem sabe o Sol brilhará...?
MIA
8 Setº2008
Está um frio...brrr!
O nevoeiro envolve-me. Puxo a gola para cima, corro o zip e caminho sem rumo.
Por entre o cinzento do tempo, vagueio em pensamento e sem querer olhar para trás, procuro o futuro. Cinzento também? (agora não é o que mais me interessa...)
Vou caminhando pontapeando, de quando em quando, algumas pedritas soltas das obras que me ladeiam.
Respiro fundo e sinto que o fresco do tempo se me entranha.
Relembro momentos passados em que sentia o Sol em mim e que aquecia quem me rodeava. Arrepio-me...frio? talvez desânimo...mas não posso, não quero.
Acendo um cigarro. Do fumo que expiro formam-se pequenos círculos que, tal como eu, vão girando.
Vou-me cansando num percurso curto e lento, que não me mostra a saída.
Não é um bom dia para encontrar a Luz, essa Luz que procuro e me trará de novo vida.
Amanhã é já a seguir e quem sabe o Sol brilhará...?
MIA
8 Setº2008
Nudez
Naquele quarto de pensão barata, amaram-se até não poder mais.
O suor saía-lhes dos corpos como se tivessem atravessado uma floresta tropical
De mãos trémulas entrelaçadas, sentiam o turpor que os percorria e deixaram que o silêncio fosse cúmplice. Sabiam que difícilmente haveria outro dia, outra tarde, outro momento.
Da boca entreaberta de cansaço, ele mordeu-lhe os lábios com raiva, lambeu-lhe o suor do corpo, abraçou-a como se fosse o Mundo, sorveu-lhe a última lágrima, levantou-se e sem olhar para trás, partiu.
Ela levantou-se a custo, enrolou-se no lençol manchado de pecado e através da cortina viu-o desaparecer na esquina.
Ficou a realidade, a dor, a incerteza de o voltar a ter.
Vestiu-se, passou de leve o baton, os dedos pelo cabelo solto, olhou de lado o espelho com marcas de humidade, saíu apressadamente e voltou para onde não queria.
MIA
8 Setº2008
O suor saía-lhes dos corpos como se tivessem atravessado uma floresta tropical
De mãos trémulas entrelaçadas, sentiam o turpor que os percorria e deixaram que o silêncio fosse cúmplice. Sabiam que difícilmente haveria outro dia, outra tarde, outro momento.
Da boca entreaberta de cansaço, ele mordeu-lhe os lábios com raiva, lambeu-lhe o suor do corpo, abraçou-a como se fosse o Mundo, sorveu-lhe a última lágrima, levantou-se e sem olhar para trás, partiu.
Ela levantou-se a custo, enrolou-se no lençol manchado de pecado e através da cortina viu-o desaparecer na esquina.
Ficou a realidade, a dor, a incerteza de o voltar a ter.
Vestiu-se, passou de leve o baton, os dedos pelo cabelo solto, olhou de lado o espelho com marcas de humidade, saíu apressadamente e voltou para onde não queria.
MIA
8 Setº2008
Nostalgia
Queria ser areia da mais fina e deslizar pelos dedos sei lá de quem.
Não pelo toque, mas pela lentidão com que se faz.
Quando deixamos escorregar suavemente a areia por entre os dedos, é sinal de que paramos e ou estamos nostálgicamente a relembrar o passado, ou a tentar visionar um futuro que gostariamos de ter.
É um acto tão intimista, que receamos até que alguém o possa ler.
Podem até ser momentos fugazes, mas duma intensidade...
Certamente, era por isso mesmo que eu gostava de ser da areia deslizando pelos dedos sei lá de quem!
A única coisa que poderia saber, era que tinha feito parte do passado de alguém que me relembrava com nostalgia, ou então, a imagem dum futuro onde eu pudesse estar.
MIA
19 Setº2008
Não pelo toque, mas pela lentidão com que se faz.
Quando deixamos escorregar suavemente a areia por entre os dedos, é sinal de que paramos e ou estamos nostálgicamente a relembrar o passado, ou a tentar visionar um futuro que gostariamos de ter.
É um acto tão intimista, que receamos até que alguém o possa ler.
Podem até ser momentos fugazes, mas duma intensidade...
Certamente, era por isso mesmo que eu gostava de ser da areia deslizando pelos dedos sei lá de quem!
A única coisa que poderia saber, era que tinha feito parte do passado de alguém que me relembrava com nostalgia, ou então, a imagem dum futuro onde eu pudesse estar.
MIA
19 Setº2008
De novo...
"Gosto de voar.
Umas vezes bem alto, outras razando o impossível e tento não descer ao inferno. Quando muito vou-me ficando pelas portas do purgatório.
Às vezes também caio.
Encho-me de raiva, de poeira, do que ninguém vê...só que de seguida, levanto-me, sacudo-me, olho em volta e volto de novo a voar rumo ao desconhecido."
Umas vezes bem alto, outras razando o impossível e tento não descer ao inferno. Quando muito vou-me ficando pelas portas do purgatório.
Às vezes também caio.
Encho-me de raiva, de poeira, do que ninguém vê...só que de seguida, levanto-me, sacudo-me, olho em volta e volto de novo a voar rumo ao desconhecido."
Como eu gosto de voar
Bato as asas e voo,
sobrevoando a minha cidade.
Rumo à orla marítima
e perco-me nos cheiros
e na cor do sol que se põe.
Espreito o desconhecido
e o desafio dum novo rumo.
Canso-me de procurar
e não encontro.
Desisto,
meto as asas
debaixo do braço
e
lentamente regresso
à realidade.
Mia
11 Outº2008
sobrevoando a minha cidade.
Rumo à orla marítima
e perco-me nos cheiros
e na cor do sol que se põe.
Espreito o desconhecido
e o desafio dum novo rumo.
Canso-me de procurar
e não encontro.
Desisto,
meto as asas
debaixo do braço
e
lentamente regresso
à realidade.
Mia
11 Outº2008
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