domingo, 26 de outubro de 2008

Angustia

De há uns tempos para cá, sentia um knock-knock estranho a bater-lhe no peito. Por mais que tentasse entender, só sabia que tinha medo de abrir aquela porta e deixar sair o sentimento.
Um dia, depois de muito pensar decidiu.
Abriu as portas do pranto e o dilúvio aconteceu.
Deixou-se levar pela torrente e mergulhou na limpidez das suas lágrimas. Chafurdou até na lama, mas depois de muito batalhar para não se afundar e tal phenix renascida, saíu purificada para abraçar novos desafios.
Sabia que nada iria ser fácil e que o Mundo novo que pretendia, seria bem menos protegido do que aquele a que estava habituada.
Afinal que gaiola dourada era aquela onde vivia há tanto tempo?- Só grades, já que o interior era bem desconfortável.
Fez das fraquezas força e mesmo sabendo que a sofreguidão não era boa conselheira, quis partir.
Tentou faze-lo sem grandes ruídos e não conseguiu. Mas mesmo assim partiu...
Lá fora o ar era mais leve, mais puro do que alguma vez julgou sentir. O Sol brilhava muito mais e o frio nem era tão frio, porque a emoção dava-lhe conforto.
Arriscou no desconhecido, enfrentou obstáculos, mas viveu com intensidade todos os momentos.
Não seria fácil o futuro, mas tinha a enorme esperança que tudo valeria a pena.
A mudança já estava dentro dela há muito, agora tinha chegado a hora de concretizar a vontade.
Os dias seguintes passou-os a procurar. As noites foram de solidão e silêncio. Mas todas as manhãs levantava-se com redobrado ânimo para continuar.
Sabia que a luta era solitária e que dificuldades iriam surgir, mas nada agora a faria desistir.
Continuou no tempo.
Os desafios iriam ser muitos e diários, mas sabia que iria conseguir.
Pelo menos havia uma coisa que já sabia...
Afinal, continuava a ser ela!

MIA
26 Outº2008

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