sexta-feira, 7 de novembro de 2008

O meu amor tem um jeito...

Hoje, como de costume, iam voltar a encontrar-se.
Já tinham tudo acertado desde o dia anterior e ela bem cedo, meteu-se no carro e partiu. Sempre que o fazia, parecia sentir a emoção da primeira vez.
Achava sempre o percurso interminável, mas por fim chegou à hora combinada.
Estranhamente, ele que era sempre o primeiro a chegar, ainda não estava lá. Uma chuva miudinha não deixava que saísse do carro para fumar, mas foi-se entretendo a ler o jornal e a ouvir música.
Entretanto o tempo passava e ele continuava sem aparecer. Primeiro pensou que talvez a demora fosse provocada pelo trânsito e pela chuva, afinal era sexta-feira e o movimento era sempre maior. Depois e como já tinham passado quase duas horas, decidiu ligar para o tlm, que como tinham acordado, só seria usado em último caso, mas mesmo isso não adiantou, porque apesar de chamar ele não atendia.
Começou a ficar preocupada e a pensar que algo de grave se tinha passado, isto nunca tinha acontecido e era muito estranho.
Apesar de não entrar em pânico com facilidade, uma estranha sensação apoderou-se dela e teve a certeza de que algo grave tinha acontecido.
Mesmo debaixo de chuva saíu do carro e fumando um cigarro tentou acalmar e aclarar as ideias.
Continuar ali não adiantava e decidiu regressar a casa. Pela rádio ia ouvindo as notícias sobre o transito e que já tinham acontecido vários acidentes...cada vez mais se avolumava a ideia de que algo grave tinha acontecido e que ele nem sequer teria condições de dar notícias.
Quando entrou em casa, a primeira coisa que fez foi ligar a televisão e esperar pelos noticiários para tentar saber de acidentes graves que poderiam ter acontecido logo de manhã.
Toda a gente em casa percebeu a sua intranquilidade pois, por mais que tentasse disfarçar, não conseguia ficar quieta. Fazia zapping constantemente à procura de diversos canais com notícias, mas nada de esclarecedor.
Já tarde foi deitar-se mas não conseguiu dormir quase nada. Queria que o amanhã chegasse rápidamente para poder consultar os jornais e ver se encontrava resposta para este silêncio terrível.
Levantou-se muito cedo e desculpou-se com o tempo de chuva e o transito para sair de casa mais cedo.
Parou na primeira área de serviço que encontrou, comprou o diário e logo na primeira página uma série de acidentes. Passou rápidamente para as folhas interiores e meu Deus, lá estava a resposta para tudo...um carro abalroado por um camião e o nome dele. Ainda pediu que fosse mentira, mas não, era verdade...o nome, a idade, tudo. Mas apesar do acidente ter sido grave, não havia risco de vida...
Tomou nota do hospital para onde tinha sido levado e apesar do azar, a sorte de ter uma amiga enfermeira lá a trabalhar. Ligou-lhe de imediato a pedir informações e esperou pela resposta que não se fez esperar. Felizmente, apesar do aparato, o seu estado não era grave, mas como tinha sido sujeito a uma cirurgia ainda estava combalido.
De volta para o emprego pensava na melhor forma de o poder ouvir ou contactar, já que visitá-lo era impossível e não tinha outra coisa a fazer se não esperar.
A manhã foi de reuniões mas a sua cabeça não conseguia concentrar-se em nada. Há hora de almoço continuava sem saber o que fazer. Continuar a esperar que era a única coisa que podia fazer.
A própria secretária notava-lhe um nervosismo estranho e o pedido de cafés sucediam-se...até que o telemóvel tocou de novo. Finalmente era ele a dar notícias. Respirou fundo quando ouviu a sua voz e ficou silenciosa a ouvi-lo... a adrenalina começou a baixar e as lágrimas cairam por perceber que nem sequer um beijo lhe poderia ir dar.
Mas era um dos riscos daquele segredo, mante-lo mesmo nas situações mais difíceis.
Perguntou-lhe como estava e ele respondeu que a amava e que os seus pensamentos naquele momento difícil tinham sido para eles. Ela mandou-lhe um beijo com asas, reafirmou o seu amor e que continuaria à sua espera...

1 comentário:

Fallen disse...

Caray mamãe, inté arrepiei, viu? :)