sábado, 8 de novembro de 2008

O meu amor, tem um jeito....

Naquela tarde de domingo chuvoso, ouvia Brel e lia um romance de Louis Bériot ("Un coup de foudre éternel").
Estava a adorar aquele livro não só pelo conteúdo, mas pelo amor com que estava escrito. Baseava-se na própria história de amor do autor com a sua mulher de sempre e quando retomava a leitura não podia deixar de pensar no seu caso secreto.
Aí começava a divagar e a questionar aquela relação que mantinha há já algum tempo. Afinal tinha sido também um coup de foudre, mas eterno certamente que não seria. Ambos tinham relações estáveis e nem sequer lhes passava pela cabeça mudar fosse o que fosse da vida deles para viver aquele amor.
Desde a primeira hora em que o conheceu sentiu um click estranho, mas não valorizou. Só que o interesse dele também se manifestou e isso foi o primeiro passo de tudo. Vários interesses em comum e o prazer da conversa, sobretudo de temas que só pessoas livres delas mesmo, eram capazes de ter sem criar conflitos com o outro. Isso foi realmente o começo, o resto veio por acréscimo...a compreensão, o carinho, o desejo, um desencadear de sentimentos que se tornaram incontroláveis.
Costumava pensar que numa relação dita normal aquele amor possívelmente não sobreviveria.
Haveriam ciúmes, sentido de posse, obrigação...realmente o sucesso deste amor era a liberdade com que amavam.
Às vezes era-lhe difícil dividir-se, principalmente o corpo, mas também achava que havia um benefício em tudo isto. Tinha encontrado uma certa harmonia na gestão da sua vida afectiva.
Dum lado a estabilidade, a rotina e também amor, porque não. Do outro lado, a exaltação dos momentos e ela continuava a precisar disso para viver.

MIA
8Novº2008

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