quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O meu amor, tem um jeito....

Para continuar a escrever a sua história e como já estava a ficar longa, achou por bem dar nome às personagens.
Na vida real ela e a sua paixão tinham as mesmas iniciais no nome. Até nisso estranhamente coincidiam.
No romance iria manter o príncipio e decidiu chamar-se de Beatriz e a ele de Bernardo, mas como adorava nick names, ficaria simplesmente Bia...
Tinha passado um mês sobre o acidente de Bernardo e ainda não tinham voltado a encontrar-se fisicamente.
Logo que ele foi capaz de conduzir de novo marcaram um encontro no sítio do costume. Desta vez ela queria ser a primeira a chegar. Como não tinha voltado a vê-lo desde a visita no hospital, queria estar atenta a alguma dificuldade física que ele ainda pudesse ter.
Estava uma manhã gélida mas belíssima. Saíu do carro, protegeu-se do frio e foi caminhando por baixo dos castanheiros ainda carregados, pontapeando algumas castanhas caídas. Desde a infância que não tinha perdido aquele hábito...
Por fim avistou um carro desconhecido, mas imaginou logo que fosse ele e não se enganou. Foi ao
seu encontro, abriu-lhe a porta e ajudou-o a sair ainda apoiado nas canadianas. De forma protectora apertou-lhe o blusão, beijou-o com ternura e foram entrando.
No meio de muitas perguntas quase sem resposta continuavam a sentir uma enorme atracção que os fazia viver aquele amor. Desta vez a iniciativa passava por ela e à medida que o ajudava a despir-se ia descobrindo as cicatrizes que o marcavam. Mesmo com algumas limitações físicas amaram-se com a mesma entrega e alegria de sempre e até algumas dificuldades os fazia rir muito. E isso era das coisas também que os prendia, encontrar humor mesmo nos momentos mais difíceis.
Hoje, talvez pelas limitaçoes dele, a imaginação não voou tão alto e ficaram mais quietos. Não deram grandes passeios junto ao rio, mas conversaram muito mais e não fossem as marcas, nada diria que a ausência forçada tinha sido tão gande.
Ele continuava a dizer-lhe o quanto precisava dela para viver e que aquele momento de loucura no hospital tinha sido do outro mundo... afinal não era por acaso que aquela atracção se mantinha tão forte.
Mas as horas voavam e antes da despedida ela disse-lhe que iria uns dias a Paris em trabalho, mas que sempre que possível daria notícias nem que fosse com sinais de fumo. Mesmo continuando a nada prometerem ou obrigar-se, tinham percebido que tanto silêncio poderia ainda ser mais comprometedor...
Um longo beijo de despedida, desejos de boa viagem e um até logo para encurtar a distância. Desta vez e mesmo sem terem combinado, ambos olharam para trás para se verem mais uma vez...começavam a ter consciência da realidade que viviam e de possíveis perdas.

MIA
14Novº2008

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