sábado, 22 de novembro de 2008

O meu amor, tem um jeito....

Depois de ter tomado conhecimento da doença da filha de Beatriz, Bernardo quis encontrar-se com ela.
Desta vez Bia não ia com o mesmo entusiasmo para o seu encontro secreto. Estava depressiva e demasiado preocupada e apesar de ter concordado, não sabia se era o que mais lhe apetecia fazer naquela hora. Mesmo assim foi.
Quando chegou ele já a esperava. Ajudou-a a sair do carro e com ternura abraçou-a. Ela deixou-se conduzir e quase sem palavras pousou as suas coisas e de mãos dadas sentaram-se no sofã olhando-se em silêncio. Por momentos Bernardo respeitou aquele silêncio mas quis saber pormenores e pela primeira vez Bia falou-lhe da família e de toda a dor que estava a viver.
Mostrou como também era frágil e o sorriso a que ele estava habituado e que o tinha prendido, tranformou-se em lágrimas que ele carinhosamente enxugava. Tentava serena-la falando de esperança mas mesmo assim Beatriz chorava. No meio de soluços tentava explicar o turbilhão de sentimentos e o medo que começava a sentir se continuasse a viver aquele amor.
Nada já fazia sentido e todo o medo que sentia em ser descoberta, levava-a a pedir-lhe que a ajudasse a pôr fim aquela situação. Ela não teria capacidade de enfrentar qualquer perda provocada por aquela vida paralela.
Bernardo entendia o drama que ela estava a viver e também não sabia que dizer. De repente tudo tinha mudado e todo o estado de euforia que costumavam viver tranformou-se em tristeza.
Desta vez não fizeram amor e perceberam que afinal neles nem tudo era físico e que o amor deles também ia muito além do prazer e dos momentos. De qualquer forma nada podia ser alterado porque para lá daquela porta outro mundo os esperava e outras pessoas dependiam também deles.
Bernardo deu-lhe todo o conforto e disse que não era a melhor altura para tomarem decisões, até porque queria continuar mesmo longe, ao lado dela. Iria manter-se em contacto sempre que possível para saber como iam as coisas e depois ver-se-ia o que iria acontecer.
Bia não prometeu nada e quis regressar a casa. O pensamento da filha não a largava e era nisso que tinha de estar concentrada.
Na despedida os beijos souberam a sal e nem o brilho do sol lhe deu luz, mas tinha de regressar.
Já ao volante acenou-lhe e por momentos encontrou espelhada nos olhos dele, uma tristeza que desconhecia.

MIA
23 Novº2008

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